quinta-feira, maio 17, 2012

Primeira e última crônica


Estado de Limbo

                                                Um garoto cansara de tudo e de todos.

         O mundo, para ele era tão pequeno para o que pensava ou dizia, ele
poderia ser muito mais e era muito menos, não era enchergado, era assim:
       Se dissestes algo, todos haveriam de lhe dar atenção, só que não davam.
       Se ficasse só: Pensava e sonhava acordado na calçada na frente de tua
casa, era orgulhoso e triste, opaco e feliz, apagado e rabiscado, às vezes
decidido e outras vezes tanto faz como tanto fez.
       Era cruel consigo mesmo e aquela vida o transformava em um sonhador,
uma maneira que descobriu em se disfarçar com aqueles problemas.
As pessoas os achavam ingênuo, se fazia apenas disso, mas sabia de toda a verdade.
       Um dia cansado de tudo isso, decidiu colocar as roupas que mais gostava:
Uma bata e uma calça jeans branca, dobrou a barra de tua calça até a altura das
canelas, queria que estas roupas o simbolizassem em um sinal de paz e de pureza;
deitou-se em teu quarto e exilou-se em um sono profundo.
        Passado-se muito tempo, ao acordar, sentiu-se muito feliz, só que havia
algo de estranho, não ouviam-se os zumbidos dos beija-flores que vinham até
o jardim que tinha ao lado da janela de seu quarto, não ouvia-se mais o canto
do sabiá que sempre aparecia ali naquela janela, e nem mesmo ouvia-se o barulho
das pessoas.
        Ao abrir a porta para sair de casa se exitou com lágrimas, onde aquele rosto
nunca havia sido molhado.
        Era tarde, não teve tempo para amadurecer teu grande e valioso peito, conhecias
muito bem o amor, mas não sabias amar.
        Sentou-se em meio de um nada e agourou teu medo.
        De tanto que esperastes pela paz que acabara vindo em uma outra maneira bem
diferente do que havia planejado.
        Ele se encontrava em um mundo cheio de paz, porque não havia vida, era sem cor,
sem o laranja das manhãs do nascer-do-sol, não havia brisa, horizonte, nem mesmo
árvores, pessoas e carros.
        Havia um nada, um mundo cinzento, meio branco, com um tipo de nevoeiro, não tinha subida e nem
decida, não era encontrado nenhum tipo de obstáculo, um planeta sem terra.
Aquele teu mundo solitário nem se quer mais existira.
        Ficou sentado em um plano branco, que deveria ser a calçada que sempre
sentara ao sonhar acordado.
        Parou de respirar um instante, levantou-se novamente por causa de uma dor
de uma ferida em teu peito. Sem pensar gritou palavras que não era possível
entender e não fazia importância.
Concentrou-se toda tua energia em tua mão direita,
e arrancaste de teu peito, o teu coração, um coração que um dia de uma vida
amou alguém, continuaste em pé e olhou para o coração jogado se agonizando até
que saístes todas as lembranças, até que não visse mais batimento nenhum.
        Sem muita energia começou a correr sem direção, fugindo de um
arrependimento sem respostas, sendo covarde de todas as ameaças que já sofreu,
mas enfim, arrancando de seu peito todo o sofrimento, encontrou uma resposta,
achou de tudo o que foi escrito a palavra que tanto buscou, a tal cura.
         Em mais uma vez sentou-se ao nada, não por opção, porque já não havia mais
energia, e em uma forma de arrependimento, deitou-se novamente, e antes que morrece,
decidiu dormir e nunca mais acordar.